03/09/2025
Quando é falado em função paterna e materna, não se restringe à figura biológica do pai ou da mãe. Refere-se a posições psíquicas fundamentais para a constituição subjetiva da pessoa, ou seja, modos de cuidado, limites e transmissão simbólica que marcam a entrada da pessoa no mundo.
A função materna é associada ao acolhimento, cuidado e sustentação. É ela quem oferece ao bebê, em seus primeiros momentos, um ambiente de segurança e de satisfação de necessidades vitais. Mas, além do cuidado físico, a função materna tem um papel crucial: introduzir o bebê na experiência do desejo.
Ao se dedicar, olhar, nomear e responder ao choro da criança, a mãe (ou quem ocupa esse lugar) dá forma ao mundo psíquico do sujeito. Essa presença possibilita que a criança comece a construir uma sensação de continuidade e pertencimento. Tudo que envolve o nosso interior vem da mãe: autocuidado, autoestima e outros vem da mãe.
Já a função paterna não se limita à presença do pai em si, mas à introdução da lei, da interdição e da separação. É a função paterna que marca o limite entre a criança e o desejo materno, permitindo que o sujeito perceba que não é o centro absoluto do outro.
Essa função possibilita que a criança se insira no campo social, cultural e simbólico. Em termos lacanianos, é a função paterna que promove a passagem do “gozo fusional” com a mãe para o reconhecimento de que há outros desejos, regras e lugares a ocupar no mundo. Na função paterna é que a criança terá o desenvolvimento externo como: saber lidar com dinheiro, amigos, trabalho, namoro, sexo etc - O que é externo isso é direcionando ao pai.
Essas duas funções não são opostas, mas complementares. Enquanto a função materna acolhe e garante a sobrevivência, a função paterna introduz a diferença e organiza os limites. Juntas, constroem o alicerce da subjetividade. Mãe terra!
Importa destacar que essas funções podem ser exercidas por diferentes figuras — não necessariamente pelo pai e pela mãe biológicos. O essencial é que haja quem sustente o lugar do cuidado e quem sustente o lugar da lei, permitindo à criança tanto se sentir amparada quanto aprender a lidar com a falta e a frustração.